Visit

terça-feira, 17 de abril de 2012

Poema - Prometeu

 Prometeu

"Encobre o teu Céu ó Zeus
com nebuloso véu e,
semelhantes ao jovem que
gosta de recolher cardos
retira-te para os altos
do carvalho ereto.
Mas deixa que eu desfrute
a Terra, que é minha,
tanto quanto esta cabana
que habito e que não é
obra tua também
minha lareira que,
quando arde, sua
labareda me doura.
Tu me invejas!
[...]
Eu honrar a ti? Por quê?
Livratse a carga do abatido?
Enxaguaste por acaso a
lágrima do triste?
[...]
Por acaso imaginaste, num
delírio, que eu iria odiar a vida e 
retirar-me para o ermo por alguns
dos meus sonhos haverem
frustrado?

Pois não: aqui me tens
e homens farei segundo
minha própia imagem:
homens que logo serão
meus iguais que irão padecer
e chorar, gozar e sofrer e,
mesmo que forem párias,
não se renderão a ti
como eu fiz"

                                 GOETHE. Memória:
Poesia e verdade. Brasília:
Editora da UNB, 1986.

Nenhum comentário:

Postar um comentário